21 de junho de 2009

...Ainda sobre Paraguaçu


Poesia Quilombola

Por Mykelle Maya - UESB/ Vitória da Conquista/BA

Muito é colhido no espaçoso coração de uma comunidade Quilombola,
Lições de consciência e luta privadas de toda e qualquer escola

Lá respeita-se a terra
Cultua-se a vida
recusa-se a guerra

A Saúde brota nos galhos
De cada folha ou árvore sagrada
santas mãos de saudável natureza,

Partilham dos peixes e frutas frescas,
Colhidas aos pés de seus ancestrais
Riquezas herdadas dos velhos,
legadas aos próximos
que os façam maduros

O Respeito provindo de todos e todas no povoado,
É por direito e gratidão
a todos ofertado

Compartilham a alegria de seu samba
assim como a dor de tamanha tristeza
injustiça lhes ferem a história
Mas a inspiração descende da glória
resistência de saudosos pais.

Um lugar onde a paz ainda sobraria
Não fossem 13 fazendeiros com sede de burguesia
Não fosse a insistência de um pensar colonial
Que nexo faz ?
Que sentimentos tem?
Por um pouco mais de conforto
Paga-se quanto custar a um povo
A ascensão de um dos lados
Carece miséria e fome do oposto
Vergonha no litoral da Bahia.

E o socialismo que não nasceu, por lá não deseja morrer.
As crianças correm livres
Ninguém quer correr pra cidade
Esbarrar no progresso que semeia involução
Palavras não inventadas, vidas desviadas de seu curso original,
felicidade consumida em reais
Quem vai querer Escravizar suas horas,
por enlatados de hortas que não possuem mais?
No quilombo a fartura é de cores, cheiros e sabores
A incerteza é a da maré, dia de caça e caçador
Se faltar comida tens o amigo, se falta amor tens uns aos outros.

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