21 de junho de 2009

O caminho da fruta

O texto a seguir foi elaborado pelo estudante de Comunicação Social Fernando Rotta a partir da sua experiência na Vivência em Paraguaçu durante o Cobrecos 2009. Mais um fruto do Congresso. Boa leitura!


O caminho da fruta

Por Fernando Rotta - PUC/ Rio Grande do Sul

Caju, mangaba, jaca, umbu, esse poderia ser o grito de um vendedor em uma feira típica baiana. Mas essas frutas na verdade estão espalhadas na longínqua comunidade de São Francisco Paraguaçu. No recôncavo baiano, o pequeno distrito do município de Cachoeira, abriga cerca de 300 famílias, em sua maioria quilombolas, que vivem da pesca da e da roça.

Andando 40 minutos, mata a dentro, para conhecer um engenho do tempo da colônia, encontra-se toda a variedade de frutas possíveis e imagináveis. Gostos únicos podem ser saboreados no povoado. A alegria estampada no rosto dos habitantes locais com a visita de pessoas interessadas em conhecer a sua historia é ainda mais deliciosa que as frutas.

A história da comunidade quilombola passa-se naquele chão a mais de 300 anos. A luta pela continuidade da comunidade é constante e passa, principalmente, pela transmissão do conhecimento das origens. O trecho até o engenho é uma aula de história do Brasil. Além do conhecimento sobre as frutas, exóticas em muitas partes do país, também é possível conhecer uma igreja, construída em 1660. Ainda inteiro, o templo religioso, foi construído para os trabalhadores do engenho rezarem. O engenho hoje não existe mais, está reduzido a três colunas. Segundo um dos líderes quilombolas, o local foi destruído, por um dos mais de dez fazendeiros que desejam o fim da comunidade. O aniquilamento do prédio, aponta o quilombola, “serve para apagar a historia”. Ou seja, para dizer que não existiam escravos trabalhando ali, logo a comunidade não tem direito àquela terra.

O que realmente pode-se abstrair dessa experiência, é que a transmissão da historia não a deixa morrer e fortalece movimentos. Os moradores de São Francisco conhecem seu passado e seu orgulho de ser quilombola é visível.

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